28º de 30 cordéis que lançarei em setembro de 2013, se Deus quiser.

"A Porteira do Passado".

Nesse sábado vinte e oito
Sem medo de ser feliz,
Recordar os tempos bons
Com certeza o poeta quiz,
A Porteira do Passado
Será o tema abordado
Pra esse cordel que fiz.

01.

Vou abrir essa porteira
E pro passado retornar,
Leite do peito da vaca
Sem bactérias vou tomar,
Vou armar a minha rede
Num torno dessa parede
Pra sem pressa me deitar.

Vou botar cangalha no burro
Colocar quatro barris,
Vou pra cacimba buscar água
Sem medo de ser feliz,
Atirar de baladeira
Levar queda em ladeira
Pois é isso que eu quiz.

02.

Vou pro mato buscar lenha
E botar fogo no fogão,
Ao invés de comida chique
Coloco bucho de boi e feijão,
Quebro uma rapadura
Não reclamo a vida dura
Pois eu amo esse torrão.

Quando amanhecer o dia
Escuto os pássaros a cantar,
O café já tá no fogo
E tem beju pra mastigar,
Tem comida de qualidade
Com sustância de verdade
E eu não vou reclamar.

03.

Vou dar comer para o gado
E pra toda criação,
Vou limpar o meu roçado
Xaxá o milho e o feijão,
A cerca vou consertar
As hortas vou irrigar
Lembrando do meu Sertão.

A Porteira do Passado
Abri sem me arrepender,
Em pensamento voltei
Pro tempo que deu prazer,
Um tempo que teve Paz
Saudades me deu demais
Fez parte do meu viver.

04.

Flávio Dantas
O Poeta do Povão
Jaçanã - RN, 28/09/2013
Cordel nº  490.