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quinta-feira, maio 02, 2013

Do Caçuá de Poesias.



“A Viagem de Matulão ao Céu”



Pra você que me ouvir
Ou mesmo esse verso ler,
Preste atenção ao recado
Que no verso vou dizer,
Uma história de aventura
De mistério pode crer.

A história mostra um sonho
De um cabra valentão,
Avarento e sorvina
Sinônimo de confusão,
Um nome de assombrar
Pois se chamava Matulão.     01.
Matulão pra se casar
Escolheu sem brincadeira,
A cabocla Lazarina
Afoita e encrenqueira,
O casal brigava tanto
Que levantava a poeira.

Moravam num belo sítio
Lá pras bandas do Rangel,
Numa grota bem fechada
Pro alto só viam o Céu,
Município de Jaçanã
Pendendo pra Coronel.

O casal criava bode
Galinha,peru e quiné,
A venda era na feira
Da cidade de Cuité,
O dinheiro com certeza
Era gastado com mé.      02.

Quando o inverno chegava
O verde ia subir,
Plantavam milho e feijão
Mandioca sem tinguir,
Trabalhavam todo dia
Só paravam pra dormir.

E filhos eles não tinham
Eu não sei porque razão,
Se era falha de Lazarina
Ou mesmo de Matulão,
O fruto do casamento
Não aparecia não.

Agora a moral da história
Pra vocês eu vou contar,
Pois se trata de um sonho
Que no verso vou narrar,
Matulão e Lazarina
Um casal pra arrazar.      03.

Num inverno bem profundo
Que chovia pra valer,
Esse casal trabalhava
Com força e com prazer,
Começavam com o escuro
Paravam ao anoitecer.

Matulão pegou no sono
E Lazarina também,
Pois estavam bem cansados
Do eterno vai-e-vem,
Dormiram pra descansar
O corpo como ninguém.

Sua casa era de taipa
Batido era o chão,
A cama era um giral
Com uma tábua e sem colchão,
Atrepado com certeza
Só tinha o seu fogão.  04.

Matulão teve um sonho
Que no verso vou contar,
Sonhou que tava no Céu
Caminhando ao luar,
A paisagem era as nuvens
No alto amigos à cantar.

De longe viu uma sala
Lá dentro tinha um clarão,
Vai chegando o matuto
Chamado de Matulão,
Procurando com certeza
Descobrir qual a razão.

A porta era enorme
Um homem se aproximou,
Recebendo ele na porta
Que a mão lhe estirou,
Não é que era São Pedro
Que pra dentro lhe levou.      05.

Tinha vela com três metros
Outras pequenas demais,
Queimam durante nossa vida
Num clima de muita PAZ,
Matulão olhava tudo
Pra não esquecer jamais.

São Pedro me mostre logo
Minha vela pelo chão,
Quero ver se a vida é longa
Ou se não vale um tostão,
Pois as minhas pernas tremem
E bate meu coração.

Atravessaram a sala
Procurando sem parar,
São Pedro apontou uma
Matulão foi se espantar,
Pequena e se apagando
A morte tava a chegar.      06.

A vela de Matulão
Tava quase se apagando,
Desconfiado num canto
O pobre ficou olhando,
Pois a morte com certeza
Já tava lhe esperando.

São Pedro vendo aquilo
Teve piedade e dó,
Matulão venha pra cá
Pois não vou lhe deixar só,
Pegue o rolo de cordão
E traga um sem ter nó.

Passaram pra outra sala
Onde tinha um fogão,
Aceso em cima dele
Um gigante caldeirão,
Muita cera derretendo
Animou-se Matulão.        07.

São Pedro disse é aqui
Que a vela agente faz,
Vamos aumentar a sua
Agora e nunca mais,
Pois tu é trabalhador
E também um bom rapaz.

Matulão pulava tanto
Dava gritos de alegria,
Pois sua vida ia aumentar
Era grande a euforia,
Agradeceu a São Pedro
Que jamais esqueceria.

São Pedro me diga logo
O que eu posso fazer,
Pra aumentar essa vela
Que na certa é meu viver,
Pois estou tremendo tanto
Com medo é de morrer.       08.

Matulão pegue a palheta
Lá em cima do balcão,
Enchendo ela de cera
Tirada do caldeirão,
Amarre na sua vela
Com certeza no cordão.

Dê um nó bem caprichado
Não deixe ele soltar,
Essa chance é de ouro
Pra tua vela aumentar,
Mais não conte pra ninguém
Quando pra Terra retornar.

Matulão ficou alegre
Parecia um Vemvem,
Sem ter medo da quintura
Disse eu trabalho bem,
Vou dar valor a viagem
Que eu fiz para o além.    09.

O coitado do matuto
Começou a trabalhar,
Botando cera na vela
Pensando em escapar,
São Pedro sentado olhava
Pedindo pra não parar.

Meu filho faça direito
Pois a outro nunca dei,
Essa chance de aumentar
Essa vela que lhe mostrei,
É que fiquei comovido
Quando vi seu aperrei.

Alegria de pobre dura pouco
Como o ditado já diz,
Escute o resultado
Desse verso que eu fiz,
Pois tudo se desmanchou
Feito poeira de giz.    10.

Pois se lembre que foi sonho
Que lhe levou pro além,
Na pancada ele acordava
Com o bofete de alguém,
Era a cabocla Lazarina
Que tanto ele quer bem.

Pois a cera era do seu fundo
Que ele tirava pode crer,
Passando na venta dela
Pensando a vela crescer,
No tapa ele acordava
Com o pé-do-ouvido a doer.

E esse foi mais um causo
Que trago em narração,
Procurando animar
A nossa população,
Na marca de Flávio Dantas
O Poeta do Povão.     11.           

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Terra de Flávio Dantas

O  Poeta  do  Povão.





12.










Flávio Dantas
O Poeta do Povão/Jaçanã-RN.
Emai:   flaviodantas35@yahoo.com

     O poeta nasceu na cidade de Campina Grande-PB,em 09/10/63,sendo filho de Edmundo Dantas e de Severina Medeiros,é casado com Lucicléa e tem um filho chamado Arthur.Desde dezembro de 1969 reside em Jaçanã-RN.
     Desde criança gosta de escrever poesias,mas, só a partir de 2002 é que começou a guardar seus trabalhos,ultrapassando hoje, mais de mil escritos,esse é o verso nº 146 impresso em cordel.
     Esse  é mais um trabalho de humor,que o poeta escreve,tentando animar o nosso povo que gosta da cultura popular. O poeta fica muito feliz por você ter tirado alguns minutos de seu precioso tempo para fazer essa leitura. Obrigado de coração.
“A Viagem de Matulão ao Céu”

Coleção Própria
Cordel nº  146
Jaçanã-RN/março de 2010.
Autor: Flávio Dantas
           O Poeta do Povão.
“Obrigado meu DEUS,pelo dom da vida”.









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